Mestre Monteiro e Sifu António Carlos |
Um Pouco de Historia sobre a Arte Marcial Lusitana
O jogo do Pau desenvolveu-se no Norte de Portugal (Alto Minho e Trás-os-Montes) como uma arte de defesa que podia resolver problemas de maus encontros com salteadores ou como recurso em acções violentas (famílias ou terras rivais, ajustes de contas, etc.).
Há indicações que a sua técnica deriva de uma dança indiana que terá sido importada e adaptada após as Descobertas, o que parece plausível pois nunca foi praticado na Galiza; em todo o caso não terá nada a ver com as histórias do Robin dos Bosques nem com os Pauliteiros de Miranda.
Fiel à sua provável origem asiática, é uma forma de combate com grande mobilidade e de grande eficiência. Ainda no século XX havia mestres de Jogo do Pau que ganhavam bom dinheiro com as lições que ministravam, e são numerosas as referências, inclusivamente na literatura de ficção, aos efeitos devastadores das "rixas de pau", dos "varrer de feira" e à (má) fama que daí vinha aos seus praticantes; nada menos que as acções de guerrilha do Zé do Telhado (e outros episódios históricos semelhantes) incluiram combates com o pau.
No século XIX foi trazido para a região de Lisboa por um mestre nortenho, que o adaptou produzindo uma técnica mista com a esgrima de sabre. Nesta "escola", o Jogo do Pau é uma modalidade exclusivamente exibicional, estando secundarizado o carácter de combate que tem a forma original do Norte. Foi incorporada como modalidade desportiva em instituções como o Ginásio Clube Português e o Ateneu Comercial de Lisboa, sendo muito apreciada como segunda modalidade por praticantes de ginástica, por exemplo. No entanto, muitas das suas facetas fundamentais no Norte, nomeadamente o combate contra vários adversários, estão totalmente ausentes da escola de Lisboa. A imagem à direita documenta Mestre Gameiro a executar uma guarda no Jogo da Cadeira, típico da escola de Lisboa.
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